Quando o simples é magnífico! À minha irmã Rosangela Birchler.

Quando o simples é magnífico, quando o quebrado tem conserto e o aparentemente inútil pode ser reaproveitado. Quando o impossível é a última opção, quando o pouco está bom demais, quando o que é meu pode ser nosso, quando a aventura é mais interessante que o medo e “perder tempo” é um ganho imensurável. Quando pensar nos outros é sempre urgência, quando sorrir é bem melhor que chorar, quando em lugar de dizer que se ressentiu é melhor dizer que está tudo bem. E quando até a cadeira do dentista se transforma em uma poltrona de cinema? Navegar pelas águas do Rio Negro é missão, justiça e paz merecem todo nosso empenho, insistir é melhor que desistir. E quando a vida é breve demais, não há tempo para desperdiçar...

Existem muitas maneiras de lembrar uma pessoa querida que se vai. Não para revelar tardiamente ao mundo quem ela foi e se afogar nas lágrimas da saudade do não vivido, mas para permitir que o coração guarde para a eternidade o que os olhos testemunharam e para que a vida continue sua cadência com a consciência de que vale a pena viver com plenitude, já que tudo passa.

Assim descrevo esta Galega que partiu de súbito, numa manhã de sexta-feira, deixando a gente de coração partido.

A coisa mais simples do mundo era algo magnífico, a vida tinha que ser vivida com intensidade; um jeito aqui, outro ali e tudo chegava ao seu lugar e, se por acaso não saísse como planejado, melhor era dar uma boa risada. Sim, porque sorrir sempre foi para ela, bem melhor que chorar.

Os que alcançaram a plenitude nos dão a lição de que é possível amar mesmo o que não pode mais ser visto; ensinam que é preciso deixar partir o que não pode mais voltar e que o que nos pertenceu não nos será tirado, permanecendo carimbado com a marca da eternidade.

Alguém me disse recentemente que a saudade é uma prova de que existe um céu. Então, eu creio e reafirmo minha fé no céu, pois a saudade aqui é grande!

Deus Só saberá nos dizer por que escolheu a magnitude do Rio Negro para te levar à festa do céu.

Será, talvez, porque você estava feliz demais em navegar por ele em idas e vindas, fazendo o que mais gostava de fazer: aventurar-se? Não quis nosso Deus Só te recolher ao eterno

com um sorriso pleno?

Bem, vou ficar com seu último post, em 21 de novembro/2017, às 11h09. Ele se converte, hoje, em uma oração consoladora: "Viagem abençoada, só gratidão, Deus seja louvado"...

Até a próxima risada, Ir. Rosangela Silvia Birchler!

Ir. Janete Silva,CIC