A justa medida
Ouvi alguém afirmar de peito aberto: depois de mim, tal pessoa se tornou melhor.
Em meu silêncio, reflito: "vaidade das vaidades, tudo é vaidade", diz o Eclesiastes, e "a vaidade entre os vícios é o pescador mais astuto, e que mais facilmente engana os homens", lemos nos Sermões de Pe. Vieira. Indago-me sobre a vã presunção que temos, um tanto e outro tanto de vezes, de pensar que somos maiores do que Aquele nos criou.
Algumas vezes a vaidade cega, é um artifício para não sentirmos a dor de não sermos tão bons quanto pensamos; preferimos repetir para nós mesmos os mantras do ego inflado: eu sou, eu posso, eu aconteço, eu estou acima, eu controlo o mundo ao meu redor.
É preciso curar as marcas da infância que nos amedrontam e por isso nos faz impositores; é preciso a justa medida de nós mesmos - que se traduz na palavra humildade -, é preciso escuta ativa de nosso próprio interior, embeber-nos de simplicidade, desconfiar de nossas próprias capacidades.
Se podemos fazer o bem a alguém, façamos em silêncio, aquele mesmo silêncio que guardamos "vaidosamente" quando fazemos o mal.
Chegará uma idade em que não precisaremos provar nada para ninguém.
Comentários
Postar um comentário