Amor não mata

Lamento muito. Amor não mata. Se mata, não é amor. Único amor que reconheço que leva à morte é aquele que se faz por doação, nunca por coação...coerção...imposição.
Falo daquele amor, amigo da memória que celebramos na Páscoa - consequência de uma causa nobre, superior ao nosso instinto egoísta. Aquele amor que morreu para dizer não a algumas estruturas, que transcendeu o eu, que abraçou o nós e voltou ainda mais forte, para dizer que a vida sobrepuja qualquer tentativa de anulação.
O contrário disso se chama arrogância e arrogância é sinônimo de orgulho ostensivo, de centralidade em si mesmo, de cegueira ao nós, em detrimento dos outros e de qualquer força que transcenda.
Quando nossas relações se convergem em sufocamento do outro levando-o ao extremo de desacreditar em si mesmo, em seus sonhos, anulando sua própria identidade, tornando-o refém de nossos mandos e vontades, estejamos certos de que nossa visão sobre o amor está maculada e, lá no fundo de nós mesmos, persistem marcas não curadas de desamor ou de não compreensão do jeito como fomos amados.
Um ser adoentado pela falta de memória afetiva de experiências de amor, buscará com ânsia o amor à sua volta, mas poderá ter dificuldade de amar, se não passar pelo processo de transcender os labirintos amor próprio.

Lamento muito. Amor não mata. Se mata, não é amor.
Ir. Janete Silva,CIC

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