Sabedoria do mar


Eu gosto da sabedoria do mar.
Para ser mar, foi preciso que recebesse humildemente dos rios as águas que confluíram e o tornaram grandioso.
O mar ensina que para ser forte e impressionar com espetáculos de suas ondas, é preciso recuar muitas vezes em curto espaço de tempo, para depois avançar com segurança.
O mar é como a gente: umas vezes, revolto, outras, deslizando suavemente como uma dança leve e pueril.
O mar me ensina que algumas coisas devem ser levadas embora com a força das ondas, mas ensina também que os excessos sempre retornam à beira da praia, porque não se sente na obrigação de carregar consigo.
Assim é o mar, assim é a vida: humildade para receber, soberania para dar, disposição para recuar, decisão para avançar, força suficiente para levar embora o que não vale a pena e firmeza para devolver os excessos a quem os fabricou. 
Ser mar é ter a sabedoria do vai e vem da vida, bater em pedras e mesmo assim continuar em movimento. 
É entender que é preciso recuar, buscando fortaleza para avançar. Não negar receber o que nos jogam no interior, mas ter sabedoria para devolver o que não precisamos guardar.
Ser mar é não se perder na turbulência da superfície, mas voltar sempre à calmaria do mais profundo, onde se revela o mais harmônico de nós mesmos/as. 

Ir. Janete Silva, CIC


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